quarta-feira, 2 de dezembro de 2009






  



    








sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Início... Difícil saber por onde começar...


Acervo do Espace Montmartre - Salvador Dalí


A menina estava sentada ao chão, em seu colo um tesouro, uma coleção de lápis coloridos. No chão vermelho sua tela branca, um papel meio amassado pelas pequeninas mãos um pouco sem trato com as coisas de artista. Da arte só tinha o sonho, o desejo de um dia conseguir preencher o mundo com aqueles encantadores desenhos. Desenhos, para menina, eram quadros hipnotizantes, mal conseguia desviar seus olhos.
Sua mãe já estava cansada de tantas folhas, e tantos presentes em rabiscos coloridos. Sabia que isto a deixava feliz, e por isso recebia sempre com o coração aberto, mesmo naquele tempo, já não entendia muito as alegrias de sua menina. Um mundo tão distante do seu, mas alegava à infância toda aquela distância.
Os tempos passaram e a distância aumentou, muitas vezes a menina achava que vivia em um outro mundo. Não era apenas sua alegria que muitas vezes era difícil de ser vivida, suas dores também eram pouco compreendidas. E a incompreensão é um monstro difícil de ser vencido, a diferença parece a muitos uma doença. Então a menina sentia como se estivesse com catapora, sempre pintada de bolinhas vermelhas, como o vestido que adorava. 
Aprendeu a viver assim e os palhaços começaram a chamar sua atenção, pois atrás daquela falsa alegria havia uma grande dor. Viver fingindo que tudo vai bem não é fácil, principalmente se não se pode tirar a maquiagem no final do dia. Com o tempo começou a acreditar que aquele era seu rosto, e que sua vida era representar um mundo que não existia para ela...E aquele mundo que aparecia em seus desenhos começou a ser esquecido, já que não podia aparecer.
Mas no seu íntimo, admirava aqueles que se arriscavam ser chamados de ridículos pelos outros, daí o encantamento com os palhaços. Alguns jogavam coisas neles, e riam quando estes se davam mal, e isto lembrava a menina como a diferença poderia ser punida. Não adiantava fingir, vestir rosa, por laços nos cabelos e brincar de brincadeiras sem graça. As pessoas fingiam acreditar na máscara do palhaço, mas no fundo odiavam aquele ser que não eram marcado com os mesmos símbolos, histórias e crendices que ele possuiam. Ficavam imaginando o que se passavam naquela cabeça, e na sua ignorância, só conseguiam imaginar terríveis monstros que iriam engolí-los. E por saber-se a maioria, obrigavam as meninas de bolinhas a fingirem que gostavam de rosa e bonecas.
Já nessa época a menina tentava lutar, e saía em suas aventuras atrás de alguém que enxergasse seu vestido vermelho, assim como o elefante do pequeno príncipe.
Ela teve mais sorte que o pequeno príncipe, pois sua rosa, não foi preciso abandoná-la. Quando vai visitá-la sempre usa seu vestido vermelho, e traz consigo lápis, papel e um pequeno piano com teclas coloridas,e nessa hora seu mundo pode existir.